Limites: “ingredientes” fundamentais na Educação de nossos filhos.
De início ela queria uma balinha. Nada mais justo. Só que na hora de comprar a menina extrapolou: queria a bala, o chocolate, o pirulito e o brinquedinho que a vendedora habilmente usou como apito para chamar sua atenção. Educadamente mamãe tentou negociar: levavam a bala, o chocolate e o pirulito, o apito ficava para outra ocasião. Só que a menina bateu o pé firme, queria porque queria o apito. A mãe ainda resistiu, até que a criança irrompeu no choro, que foi ficando cada vez mais alto e despertando a atenção de quem estava perto. Conclusão: passados alguns minutos, a criança saiu vitorioso. Como sempre aliás.
Por não saberem dizer “não” às crianças, os pais acabam criando pequenos seres todo-poderosos, verdadeiros tiranos que escravizam os adultos segundo suas vontades. Temendo palavras “trauma“, “castração” e “frustração” , os pais não apenas se abriram ao diálogo. Como acabaram se tornando vítimas dos filhos. Nos próprios colégios, onde antes a disciplinas era um dos critérios de avaliação, a necessidade de as crianças expressarem livremente sua criatividade foi exacerbada, em muitos casos, de forma errônea.
Segundo Tânia Zagury, as conquistas da geração pós – psicologia e Escola Nova são inquestionáveis, só que saímos de uma estrutura fechada, onde a criança não tinha direito ao diálogo nem á oportunidade de desenvolver a sua potencialidade, para um liberalismo, nas casas e nas escolas, que deixou a todos infelizes. “Inibidos pela carga de informação que receberam, os pais abandonaram o bom senso, a intuição e deixaram de estabelecer limites. Ë preciso deixar de lado a culpa e pensar exatamente o que se deseja para os filhos. A partir daí, basta fixar normas e agir em função disso. Necessário é que os adultos assumam seu papel de adultos, sem a obrigação de aturar tudo dos filhos.” – ensina.
Tânia Zagury exemplifica o que prega com histórias do dia a dia. Uma cena de tirania explícita que relata é o caso do casal que vai visitar uma amiga e assiste estupefato, durante dez minutos , seu filho de 10 anos lhe dando tapas no rosto até que, findo este tempo, voltando para as visitas, ele pergunta: “Vocês não vão embora, não? Não gosto de vocês.” O casal lembra que ficou ainda mais surpreso quando a mãe do garoto, passado o imobilismo inicial, começou a afirmar que seu filho era uma criança legal, razão pela qual o presenteava a cada Quinta-feira. Explicação que, até hoje, os ex – amigos dizem não Ter conseguido entender.
Será que a criança não estava pedindo um “não“, um limite? O tempo todo as crianças pedem: “Coloque um limite para eu Ter prazer, nem que seja por Ter limites para alguma coisa”. Entre o “criança não tem querer” dos nossos avós e o “Ë proibido proibir” dos nossos dias, a virtude está no meio-termo. Vale dizer “não”, sem maus – tratos, mas com firmeza. Cabe a você sentenciar o “não e não se fala mais nisso”.