Pais precisam mandar?
Todos os pais sabem que a adolescência costuma ser uma fase especialmente conturbada. Para inquietação de muitos, esse período está mais longo hoje: há algumas décadas, o adolescente era o jovem com idade entre os 13 e os 18 anos; hoje, não é raro o comportamento adolescente ser observado em jovens dos 11 aos 20 anos. Isso se dá porque as crianças se desenvolvem intelectualmente de forma mais precoce, pois os meios de sociabilização e comunicação, entre eles a televisão, fazem com que exercitem raciocínios e presenciem situações com as quais só tomariam contato mais tarde. Dessa forma, a conversa das crianças fica muito parecida com a dos adultos, nos assuntos e na linguagem. Além da chegada antecipada da adolescência, alguns pais prolongam em demasia esse período, superprotegendo os filhos, não estabelecendo limites e, dessa forma, retardando o amadurecimento sadio do jovem. Diante disso, é fundamental que os pais entendam que é preciso deixar de superproteger, de fazer todas as vontades do filho e dar-lhe tudo. É necessário entender que ter autoridade em relação ao filho é fundamental, não o deixando agir como bem entender nem tendo receio de dizer “não”. É sabido que os filhos precisam de alguém que os oriente até a idade adulta, que passem padrões de comportamento discernindo entre o “certo” e o “errado”. O contrário pode deixar os filhos resistentes a aceitar limites e autoridade, e, o pior, nunca recebendo um “não”, além de perderem a noção de ética, querem alongar a adolescência ao máximo, pois é confortável não terem qualquer responsabilidade. Para estabelecer padrões que exijam dos filhos uma atitude responsável e ética, é imprescindível que haja um constante diálogo entre pais e filhos, apesar das dificuldades decorrentes da oposição natural do adolescente. Cabe aos pais tentar entendê-lo sempre, não desistindo do diálogo, estando atento às suas expectativas, e dando-lhe muito amor, pois nessa fase o adolescente está mais propenso a aceitar os valores do grupo de amigos do que os dos familiares. Dizer “não” é também uma forma de os pais expressarem o amor que sentem pelo filho. Os pais que, numa educação muito “liberal”, excedem em concessões e omissões, fazem com que os filhos tendam a interpretar essa atitude como descaso e abandono. Amor e limites devem caminhar juntos, para que o adolescente amadureça com equilíbrio. Devemos lembrar que suprir as necessidades materiais é importante, mas suprir as necessidades emocionais é muito mais, pois as seqüelas eventualmente adquiridas requerem um trabalho muito grande para serem reparadas.